Dizer o Direito

quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Lições da SuperAprendizagem para Concurseiros

 

Por George Marmelstein, juiz federal

Você já ficou frustrado por estudar por várias e várias horas e não progredir? Você tem a percepção de que estagnou no seu processo de aprendizagem e está cada vez mais desmotivado para seguir em frente?

Se sim, aposto que você está aprendendo da forma errada.

É provável que você esteja contaminado pela ilusão de aprendizagem, achando que está estudando quando, no fundo, por não usar métodos eficientes, está apenas ocupando a mente com informações que serão rapidamente esquecidas. E o pior: está deixando de utilizar todo o seu potencial, pois quem não aplica os melhores métodos vive em estado subótimo de funcionamento e nem se dá conta disso.

 Na verdade, poucas pessoas dominam a habilidade de aprender com eficiência. Você deve conhecer algumas delas. São “cisnes negros” que parecem desafiar todos os limites da capacidade humana. É como se fossem hackers que conseguiram quebrar o código da aprendizagem e, graças a isso, conseguem alcançar resultados incríveis em pouco tempo de preparação. Eu os chamo de superaprendizes, pessoas aparentemente normais que adquiriram a habilidade de aprender com a máxima eficiência possível.

Antes da internet, os segredos da superaprendizagem era uma espécie de fórmula secreta compartilhada apenas por poucas pessoas. Mas alguns superaprendizes, como o Josh Waitzkin, Tim Ferriss e Scott Young, começaram a mostrar para o mundo como otimizar o processo de aprendizagem.

Josh Waitzkin, por exemplo, escreveu “The Art of Learning: An Inner Journey to Optimal Performance” (“A Arte da Aprendizagem: uma jornada pessoal à ótima performance”) em que explica os fundamentos e as técnicas que utilizou para alcançar a excelência no xadrez e nas artes marcais. Do mesmo modo, Tim Ferriss publicou “Ferramenta dos Titãs: as estratégias, hábitos e rotinas de bilionários, celebridades e atletas de elite”, que compila as táticas que vários top performers adotam para alcançar o sucesso em diversas áreas. Scott Young, na mesma linha, escreveu o livro Ultra-Aprendizado para contar a história de pessoas que conseguem aprender uma nova língua em poucos meses ou tocar um instrumento musical após pouco tempo de treino.

Inspirado por essa cultura, passei vários anos pesquisando os segredos da aprendizagem de alta performance e fiquei fascinado com a quantidade e a qualidade do conhecimento já produzido. Essa empolgação transformou-se no livro “Superaprendizagem: a ciência da alta performance cognitiva”, que sistematiza esse conhecimento e apresenta uma espécie de caixa de ferramentas para uma vida intelectualmente produtiva, com dicas práticas para realizar uma leitura de alto impacto, construir um sistema de anotação poderoso, aplicar técnicas efetivas de treino, montar uma rotina de acordo com o ciclo circadiano, aprimorar hábitos com sabedoria, e assim por diante.



Pode até parecer inconveniente, mas dedicar algumas horas à compreensão da aprendizagem é a melhor forma de evoluir mais rápido. Por exemplo, você conhece o seu horário nobre biológico? Você organiza a sua rotina de acordo com o seu cronotipo? Você estimula o inconsciente a trabalhar de modo difuso nas horas em que seu cérebro está relaxado? Você programa o seu sono para maximizar a fixação do conteúdo assimilado? Você não faz nem ideia do que tudo isso significa?

Se você não pensa sobre essas coisas, provavelmente está desperdiçando suas capacidades cognitivas. Quando adotamos as melhores estratégias para nos motivar, organizar o tempo, descansar corretamente, construir hábitos saudáveis e treinar com eficiência, a evolução ocorre naturalmente. E para adotar as melhores estratégias, é preciso conhecê-las.

Mas devo ser sincero. O livro não é uma "fórmula de aprovação", nem um método para tirar boas notas. É, na verdade, um sistema de desenvolvimento pessoal baseado na ideia de que qualquer pessoa pode aprender qualquer coisa com eficiência se dominar os métodos corretos.

Mesmo não sendo um livro “para passar em concursos”, a SuperAprendizagem é capaz de transformar radicalmente as estratégias tradicionais de preparação para concurso, pois mostra que o estudo deve ser encarado como um treino (prática deliberada) e apresenta vários caminhos para impulsionar a aprendizagem direcionada a testes.

Por exemplo, para aprender com eficiência, é fundamental organizar a rotina de acordo com o cronotipo, que varia de pessoa para pessoa. O cronotipo define os horários nobres biológicos, que são os momentos de pico cognitivo e devem ser bloqueados para a aprendizagem profunda, livre de distrações e com foco total na tarefa a ser desempenhada em estado de fluxo (flow). Aplicando a máxima “horários nobres, tarefas nobres; horários pobres, tarefas pobres”, somos capazes de extrair o máximo do nosso cérebro, sem desperdício de energia, de tempo e de dinheiro.

Outro exemplo. A SuperAprendizagem mostra que é preciso estimular o inconsciente a trabalhar de modo difuso nas horas em que o cérebro está relaxado. Indo além, quando encaramos o estudo como treino, devemos necessariamente inserir no cronograma de treino um sistema eficiente de descanso deliberado, pois é o descanso que proporciona a evolução. E isso vale com muito mais intensidade para o sono! Se você não sabe programar o sono para consolidar o conteúdo assimilado e gerar novas conexões em seu cérebro, provavelmente está fazendo tudo errado, jogando no lixo das memórias esquecidas todo o seu esforço de um dia de estudo.

Por fim, a preparação para um concurso é um treino em que importa não só acumular conhecimento, mas também desenvolver habilidades específicas para a prova.

Imagine, por exemplo, uma prova com 100 questões objetivas para ser feita em 4 horas. Uma prova assim é como uma prova de maratona. Ela exige um preparo físico e mental que só se consegue com um treino específico, sobretudo por meio de simulações. Usando a analogia do treino de corrida, não basta sentar na cadeira e resolver questões, ou seja, não basta correr aleatoriamente. O treino precisa ser direcionado ao desenvolvimento das habilidades necessárias para a realização da prova.

Aqui alguns modelos de simulações só para atiçar a curiosidade:

Simulações reais: reproduzindo, da maneira mais fidedigna possível, o máximo de condições que serão enfrentadas no dia da prova. Por exemplo, se a prova for impressa, a simulação real terá que ser impressa. Se o teste real contiver 100 questões, a simulação real terá 100 questões do mesmo nível e distribuídas de acordo com as matérias correspondentes. Se a prova tiver 4 horas de duração, a simulação deverá respeitar esse limite. Se o horário da prova for pela manhã, a simulação real deverá ser pela manhã. Enfim, o objetivo é aclimatar o corpo e a mente para que, no dia da prova, tudo flua da maneira mais natural possível.

Ultra-simulação: a ideia seria tomar a simulação real como base, mas acrescentar algumas questões extras para tornar o esforço ainda maior e, com isso, elevar a capacidade de resistência física e mental.

Micro-simulações: seria uma versão reduzida da simulação real. A ideia seria fazer uma quantidade menor de questões, reduzindo proporcionalmente o tempo. Afora isso, as condições seriam o mais próximo possível da realidade, a não ser pelo fato de os problemas serem intercalados (misturados). A SuperAprendizagem mostra que embaralhar questões é mais eficiente do que seguir um padrão por matéria.

Simulação fuzzi: o objetivo seria incluir algumas dificuldades de modo a forçar o cérebro a se acostumar com condições adversas. Por exemplo, pode-se fazer uma micro-simulação ou até mesmo uma simulação real com uma música alta ao fundo, ou em uma praça de alimentação de um shopping, ou com a temperatura bem baixa ou bem alta e assim por diante. Em alguns casos, vale colocar questões de matérias totalmente estranhas só para treinar o cérebro a pensar de modo versátil. A ideia é bagunçar mesmo o ambiente de teste, usando a lógica do “treino difícil/prova fácil”.

Hipersimulações: a proposta seria fazer uma ou duas sessões de 10 a 20 minutos de exercícios em modo ultra-acelelerado, tentando resolver as questões com o mínimo de reflexão possível para forçar o cérebro a desenvolver a capacidade de pensar rápido. Não é preciso se preocupar tanto em acertar, mas apenas em tentar compreender o problema e intuir rapidamente uma solução. Se for possível incluir algum método de feedback imediato, com um sistema de aprendizagem adaptativa, o processo seria ainda mais eficaz, já que poderia estimular o desenvolvimento da competência inconsciente, que é a habilidade de identificar padrões e intuir a solução mesmo sem ter uma clara consciência da razões por trás do palpite.

Tudo isso, junto com um sistema de formação de hábitos, de motivação, de descanso de qualidade, de treinos eficientes, de leitura de alto impacto compõem a estrutura central da SuperAprendizagem.

Apesar de ser suspeito, porque sou verdadeiramente fascinado pelo tema, acredito muito no poder transformador dessas ideias.

Quando dominamos conceitos como prática deliberada, dificuldades desejáveis, flow, entre várias outras, somos capazes de otimizar o tempo para não desperdiçar energia com práticas ineficientes. Além disso, podemos aprender a formar hábitos para construir uma rotina produtiva e evoluir continuamente sem estresse e sem depender da força de vontade. Enfim, somos capazes de aprender mais, mais rápido e melhor.

E essa é a mágica da SuperAprendizagem. Ela tem um efeito dominó que transforma o processo de evolução em algo prazeroso e que vai se tornando cada vez mais fácil de implementar.

Não é preciso ter algum tipo especial de superpoder de transformação para se tornar um superaprendiz. Basta ter a capacidade de buscar a melhoria contínua em tudo o que podemos controlar. Para nossa sorte, essa capacidade já está pré-configurada em nossas mentes. Só precisamos dar uma forcinha para ativá-la e conhecer os melhores métodos para deixar a plasticidade cerebral fazer o seu trabalho.

PS. Se quiser ser um dos primeiros a conhecer os segredos da SuperAprendizagem, clique aqui e adquira o livro.

 


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